Poesia, minha voz enrouquece
De juras sobre ti: estertor,
Não pose melíflua de cantor.
Vagão de terceira no verão,
Pareces. Subúrbio e não refrão.
Abafas como Iamskaia1: és maio,
Chevardin2, o reduto noturno,
Onde nuvens exalam seus guais
e se vão, cada qual por seu turno.
E em dobro, pela trama dos trilhos, —
Arrabaldes não são estribilhos, —
Se rojam das estações à casa,
Não cantando, formas hebetadas.
Renovos que a chuva põe nos cachos
Até de manhã, num fio contínuo,
Pingam seus acrósticos do alto
Enquanto lançam bolhas de rimas.
Poesia, quando sob a torneira
Um truísmo é um balde de folha
Vazio, mais o jato se despeja.
Eis o branco da página: jorra!
____
1. Em muitas cidades russas, havia um bairro chamado Iamskaia Sloboda {arrabalde dos cocheiros), geralmente pobre e abafado.
2. Chevardinó é o nome da aldeia onde, em 14 de agosto de 1812, teve início a batalha de Borodinó, decisiva para o desfecho da campanha de Napoleão contra a Rússia.
Поэзия, я буду клясться
Тобой и кончу, прохрипев:
Ты не осанка сладкогласца,
Ты — лето с местом в третьем классе,
Ты — пригород, а не припев.
Ты — душная, как май, Ямская,
Шевардина ночной редут,
Где тучи стоны испускают
И врозь по роспуске идут.
И, в рельсовом витье двояся, —
Предместье, а не перепев —
Ползут с вокзалов восвояси
Не с песней, а оторопев.
Отростки ливня грязнут в гроздьях
И долго, долго до зари
Кропают с кровель свой акростих,
Пуская в рифму пузыри.
Поэзия, когда под краном
Пустой, как цинк ведра, трюизм,
То и тогда струя сохранна,
Тетрадь подставлена — струись!
«Cada momento passado juntos / Era uma celebração, uma Epifania / Nós os dois sozinhos no mundo, / Tu, tão audaz, mais leve que uma asa, / Descias numa vertigem a escada / A dois e dois, arrastando-me / Através de húmidos lilases, aos teus domínios / Do outro lado, passando o esp...»
«Pela manhã dentro esperei ontem, / Diziam eles que não virias, supunham. / Maravilhoso dia, lembras-te? / Um feriado! – Dispensa casaco. / / Hoje vieste, e o dia pôs-se / soturno, de chumbo, / e chovia, fazendo-se tarde, / com gotículas na ramagem fria. / / Não pode a pa...»
«Bebo ao lar em pedaços, / À minha vida feroz, / À solidão dos abraços / E a ti, num brinde, ergo a voz… Ao lábio que me traiu, / Aos mortos que nada vêem, / Ao mundo, estúpido e vil, / A Deus, por não salvar ninguém.»
«Demoliram a casa da frente. / Os inquilinos partiram contentes. Levando consigo sofás, panelas, flores, / Espelhos tortos e gatos. Lá do caminhão, o velho olhou para a casa / E sentiu que o tempo o prendia, Tudo ficou assim para sempre. / Então surgiu o descontentamento, Um pó seco ...»